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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

"Vem sempre aquela imagem na cabeça", diz taxista que viu acidente com sete mortos


A corrida de táxi que terminou com sete mortos e dois feridos em Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, começou no Aeroporto Internacional Salgado Filho e deveria acabar na Rodoviária de Porto Alegre. 

Oito cubanos, entre eles um bebê com menos de 1 ano, entraram em dois táxis por volta das 9h de segunda-feira (1º) e pediram que fossem levados até a rodoviária, de onde pegariam ônibus para o Chuí. Ainda no caminho, eles sondaram um dos taxistas sobre o preço da viagem caso optassem por seguir com ele até o destino final. O preço foi previamente estabelecido, mas, ainda assim, o grupo quis ir até a rodoviária. 

Lá, ficaram sabendo que o próximo coletivo sairia à noite da Capital e decidiram pelo carro. Em um dos táxis, um Cobalt, estavam o motorista Maurício Popow, 46 anos, e os cubanos Osmani Hidalgo Leiva, Niurka Garcia Roque e Reinaldo Delgado Dias. Todos morreram na colisão do km 636 da BR-471, por volta das 14h. Um quarto cubano, Armando Sosa Gonzalez, 24 anos, está em observação na Santa Casa de Rio Grande. O outro táxi, uma Spin, era dirigido por Anuar Zambiazi, 66 anos. 

— Eu que negociei a viagem. No meu carro tinham três adultos e um bebê. Passamos em um posto, ainda em Porto Alegre, para abastecer. O Maurício me disse que não conhecia a estrada, por isso pedi que ele fosse sempre atrás de mim. Que não era para me ultrapassar, de jeito nenhum.

Em Pelotas, os dois taxistas pararam em outro posto de combustíveis. Os cubanos compraram comidas e, 25 minutos depois, pegaram a estrada novamente. Quatro quilômetros antes do acidente, Zambiazi parou o carro no acostamento da rodovia porque o bebê estava vomitando.
— Foi a única vez em que o Maurício me ultrapassou — lembra Zambiazi.

Depois de 10 minutos parado, o taxista arrancou o veículo e logo avistou o Cobalt de Maurício, a cerca de 1 km, em uma reta. Ele viu, também, o Fiesta preto vindo na direção contrária. Quando esticou o dedo indicador em direção ao carro do colega, para mostrar aos passageiros onde eles estavam, deu-se a batida. No Fiesta morreram Janete Martins Lima, 43 anos, Celis Maria de Oliveira Gril, 51 anos e Maria Elena Martins, de 68 anos. Jonathan Ferreira da Silva, 21 anos, também estava no carro e foi socorrido com vida, mas gravemente ferido. 

— Foi uma colisão muito forte. Todos ficaram desesperados. Paramos lá, descemos e logo a polícia foi acionada. Uma pessoa que estava lá pediu que a gente seguisse, porque os cubanos estavam muito alterados.

Já no Chuí, uma mulher esperava os estrangeiros na rodoviária. Zambiazi presenciou a comoção do grupo, mas logo fez o caminho de volta para Porto Alegre. 

— Hoje está sendo difícil para mim. Vem sempre aquela imagem na cabeça.

Sandra Maria Pinto, presidente da Cooperativa de Táxis do Aeroporto Salgado Filho, disse que naquela madrugada outros três veículos seguiram para o Chuí levando passageiros cubanos. Vanda Campos, vice-prefeita do Chuí, desconhece o motivo do deslocamento dos estrangeiros.

— Como é uma cidade turística, passa muita gente aqui. Muitas seguem para o Uruguai.

Os passageiros do banco traseiro do táxi estavam sem cinto de segurança, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

No Fiesta, não foi possível identificar se os ocupantes estavam sem o equipamento.

 O delegado de Santa Vitória do Palmar, Adam Lauxen, disse que "será solicitada perícia nos veículos" e instaurado inquérito policial para apurar as causas do acidente. Sobre os objetivos dos cubanos no Rio Grande do Sul, o delegado comentou que "essas informações serão buscadas junto à Polícia Federal".

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