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cada duas horas pelo menos três veículos são roubados no Rio Grande do Sul. A
Capital registra mais da metade desse tipo de ocorrência em relação a todo o
Estado. Em Porto Alegre, a cada hora, um veículo é levado dos seus donos,
conforme estatística divulgada pela Secretaria da Segurança Pública (SPP). A
frequência com que esse crime ocorre cresce em velocidade assustadora. Em 2014,
o RS registrou 1,7 mil roubos de veículos a mais em relação ao ano anterior.
Nos seis primeiros meses deste ano, foram registrados 7.907 roubos de carros no
Estado, o que representa 57,49% do número de ocorrências deste crime em relação
a todo o ano passado.
O especialista em segurança estratégica, Gustavo Caleffi, esclarece que os veículos roubados abastecem dois mercados distintos: de desmanches e de clonagem. Esta representa 80% do total dos crimes. Na primeira situação, a procura por peças mais baratas movimenta esse comércio. “Hoje se perdeu os princípios de moral e ética. As pessoas costumam comprar sem querer saber a origem. É só ver a venda absurda de DVD’s piratas”, analisa Caleffi. Nesse mercado, os mais visados são os carros populares. “Quanto maior o volume de automóveis de determinado modelo em circulação, maior o risco do carro ser roubado. Por isso, o seguro de um Volkswagen Gol é tão alto”.
A localização de peças mais acessíveis normalmente ocorre em desmanches irregulares. Conforme levantamento da SSP, o RS conta com 1,5 mil desmanches irregulares. A intenção, segundo a instituição, é regularizar estes estabelecimentos para combater o roubo de veículos em território gaúcho.
Ao contrário do mercado de peças, a clonagem de veículos — na realidade são clonadas as placas do carro — se volta para automóveis de alto padrão, normalmente vendidos por meio de um golpe. Veículos roubados também são usados em assaltos. Conforme o especialista, o roubo para esta finalidade é reduzido.
Em Porto Alegre, crescem a cada dia os relatos de roubos de veículos. Uma supervisora de vendas, de 30 anos, reclama de ter tido o carro roubado. O bem ainda não foi recuperado. “Já se passaram três semanas desde o ataque, sem que o automóvel tenha sido localizado”, reclama a vítima, oriunda de São Paulo.
Gaúchos gastam mais com apólices
O reflexo direto do que se percebe nas ruas — o aumento no roubo de carros —, pode ser constatado na hora de procurar um seguro. Conforme o presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio Grande do Sul (Sindseg), Júlio Cesar Rosa, Porto Alegre é uma das capitais brasileiras onde os motoristas mais gastam com apólices. E não é difícil entender o porquê. “Esta situação incide no valor do seguro. O aumento deste tipo de ocorrência (roubo de veículos) na Capital e Região Metropolitana representa 15% sobre o prêmio”, informa Rosa.
Atualmente, Porto Alegre é a segunda capital com maior número de roubos de veículos segurados no Brasil. Só perde para São Paulo, afirma Rosa. Na Capital, para cada cem veículos segurados, 1,60 é roubado. Em São Paulo, a proporção é de 2,20. “Desta maneira, vamos ultrapassar São Paulo em pouco tempo.”
Porto Alegre assumiu a segunda colocação a partir da metade de 2014 e, a cada novo relatório de indicadores de criminalidade a preocupação do setor de seguros fica mais forte. Conforme Rosa, outra consequência direta da escalada dos roubos é o baixo índice de recuperação dos veículos segurados. Na comparação entre o primeiro semestre de 2014 com o mesmo período deste ano, a devolução caiu de 35% para 20%.
Há várias motivos para explicar a queda. Falta de efetivo policial — para prender e investigar —, e o prende-solta que ocorre com crimes de menor potencial ofensivo, como é o caso do roubo de veículos. O inchaço do sistema carcerário e a demora para entregar novos presídios também aparecem como pano de fundo desse problema, destaca o presidente do Sindseg.
Redação: Correio do Povo
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