A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (23) o inquérito que apura as responsabilidades pelo acidente com ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que matou sete alunos da instituição em Imigrante, no dia 4 de abril. Além dos mortos, 26 pessoas ficaram feridas.
A conclusão foi apresentada em coletiva de imprensa na manhã desta sexta, em Teutônia, no Vale do Taquari. Três pessoas foram indiciadas por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, além de 21 lesões corporais culposas. São elas:
Motorista do ônibus — segundo a Polícia Civil, ele não agiu conforme as técnicas de segurança na condução do veículo.
Responsável pelo núcleo de transporte da universidade — ele deveria manter o ônibus em condições. A última revisão geral, conforme a polícia, foi feita em 2023.
Representante da empresa que faz contratação dos motoristas — investigadores afirmam que essa funcionária não contratou pessoas qualificadas para a função.
Os nomes dos indiciados não foram divulgados pela polícia. Segundo o delegado José Romaci Reis, a investigação ouviu 40 pessoas e o inquérito tem 1.078 páginas. Ele disse que houve "negligência total" pela parte dos três.
— Essas três pessoas concorreram diretamente para o resultado — afirmou.
Erros apontados
O delegado aponta que houve erro do motorista na condução do veículo. Segundo o policial, ele deveria ter acionado o freio motor naquela decida:
— Se tivesse acionado o freio motor e reduzida a marcha desde o início, o ônibus não passaria de 20 km/h até o final da descida, sem usar o freio de serviço. Poderia estar com as lonas gastas, que não teria acontecido acidente — afirmou Reis.
Ainda sobre a responsabilidade do motorista, Reis afirma que ele deveria ter orientado todos os passageiros a utilizarem o cinto de segurança e verificar se, de fato, o equipamento estava sendo usado.
Alguns passageiros chegaram a relatar, em depoimento, que os seus lugares não tinham cinto de segurança, mas laudo da perícia apontou que o equipamento existia, mas estava preso embaixo do assento, "impossível de se retirar para ser usado", aponta o delegado.
— Alguns usavam cinto de segurança e outros não. O que é atribuição do motorista também, verificar se todos estavam usando cinto de segurança e instruir: "Todos têm de usar cinto de segurança, procurem os cintos e coloquem". Nada disso era feito — explica.
O delegado citou que um dos condutores contratados pela empresa afirmou, em depoimento, que nem sequer sabia que o veículo tinha freio motor, o que, segundo o policial, evidencia que pessoas contratadas pela representante da empresa não tinham a qualificação necessária.
Além disso, não era levado em conta série de requisitos na contratação, como se os condutores tinham curso de transporte de passageiros. Eles também não verificavam se o ônibus tinha feito manutenção periódica.
O delegado disse que as perícias no veículo indicaram que o ônibus apresentava desgaste em um dos freios traseiros, o que contribuiu para o acidente.
Inquérito tem 1.078 páginas, com depoimentos de 40 pessoas.Lucas Abati / Agência RBS
No fim de abril, após a polícia divulgar o resultado da perícia, a reitoria da UFSM havia informado que o ônibus tinha passado por manutenção.
— O ônibus passou por uma manutenção preventiva em setembro de 2024, feito por uma empresa credenciada com custo de aproximadamente R$ 14 mil. Depois ele rodou cerca de 10 mil quilômetros até o momento do acidente. Todas as informações já foram encaminhadas para a Polícia Civil — disse o reitor da UFSM, Luciano Schuch.
O acidente
O acidente com o ônibus aconteceu por volta das 11h15min de 4 de abril, provocou sete mortes na estrada que liga Imigrante à Rota do Sol (RS-453), no Vale do Taquari.
O ônibus caiu em um barranco após sair da pista em um trecho de descida. Além dos sete mortos, 26 pessoas ficaram feridas.
As vítimas
Dilvani Hoch, 55 anos
Elizeth Fauth Vargas, 71 anos
Fátima E. R. Copatti, 69 anos
Flavia Marcuzzo Dotto, 44 anos
Janaina Finkler, 21 anos
Marisete Maurer, 54 anos
Paulo Victor Estefanói Antunes, 27 anos
GZH
Evaldo Gomes Notícias/Canguçu - Cópia é autorizada desde que seja citado o autor da publicação ou onde está veiculado.
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