A Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura vem a público manifestar seu posicionamento em relação ao episódio ocorrido no dia 13 de maio de 2022 na Escola Municipal Cristo Rei, envolvendo uma professora do município.
Em primeiro lugar, reafirmamos o nosso compromisso contra o racismo, em defesa da igualdade e da cultura afro-brasileira.
Compromisso este que não se trata de mera retórica e sim de prática constante, através de diversas ações e atividades, como a realização anual do FestQuilobola, que compoē o calendário escolar municipal e tem por objetivo construir uma educação antirracista, que prima pelo respeito à diversidade, étnica e cultural presente no município. Além disso, criamos e temos a pleno funcionamento o Departamento de Etnias do Município, vinculado à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos e coordenado por uma representante indicada pelas comunidades quilombolas de Canguçu, apenas para citar dois exemplos, entre outros tantos.
Em segundo lugar, nos solidarizamos com todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo episódio e lamentamos profundamente o ocorrido. Reafirmamos que não toleraremos nenhum tipo de discriminação e/ou preconceito, seja ele racial, de gênero ou qualquer outro.
Visto esses pontos, e mesmo mediante o esclarecimento por parte da professora, informamos que já designamos a formação de uma comissão interna para averiguar os fatos, conforme estabelecido nas normas, para assim tomar as medidas cabíveis neste caso.
A denúncia da comunidade Quilombola
Canguçu, 16 de maio de 2022
Nota de Repúdio
As 16 Comunidades Quilombolas de Canguçu, juntamente com o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra deste mesmo município, vem por meio deste repudiar a realização e a publicação de atividades pedagógicas, desenvolvidas pela Professora Denair Ortiz, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristo Rei, com uma turma de crianças da Educação Infantil , atividades estas, que estimula de forma sutil e cruel, a desigualdade racial, sentimento de inferioridade do povo negro e a permanência do racismo estrutural, racismo este que tem afastado muitas crianças negras da escola. Muitas crianças negras, preferem realizar qualquer trabalho em casa, ao invés de irem para a escola. E as famílias confusas, de como agir, ao ver seus filhos chegar da escola chorando e tendo muito resistência para retornar no dia seguinte, isto é confusas porque entendem e já vivenciaram esta carga discriminatória e excludente que muitos professores de diferentes escolas praticam através de suas atividades. Praticas pedagógicas, como estas causam um dano moral, identitário e psicológico nos alunos negros irreparável. Pedimos que a Professora Denair e a Escola respeite a luta do nosso povo negro e trabalhe a diversidade existente na escola, por acreditarmos que educação, respeito e dignidade é um direito de todos. Nota-se que a referida publicação acentua as disparidades existentes nas escolas. Repudiamos também toda forma de negacionismo da existência deste racismo e as disparidades vigentes entre os profissionais negros e brancos dentro das escolas. A ex Secretária de Educação Ledeci Lessa Coutinho também se solidariza com a nota. Aguardamos uma resposta das autoridades, e providências para que atos criminosos, como este não aconteçam nas escolas. Que a escola possa ser um ambiente de todos ,assim como a implementação da Lei 10 639 nas escolas municipais.
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