Estudo da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas, avaliou os efeitos da pandemia da COVID-19 na saúde física e mental dos gaúchos e gaúchas. Entre os dias 22 de junho e 23 de julho, pessoas acima de 18 anos, de todas as regiões do estado do Rio Grande do Sul foram convidados através de mídias sociais a participar do estudo PAMPA (Prospective Study of Mental and Physical Health, título em inglês). Os participantes responderam um questionário online, com duração de 10 minutos, contendo perguntas referentes à prática de atividade física, dor lombar, sintomas de ansiedade e depressão, assim como acesso a serviços de saúde.
Foi observado que 39% dos participantes não conseguiu trabalhar em casa de forma remota durante a pandemia. Ainda, 44% dos participantes relataram uma redução dos rendimentos mensais desde o início das medidas de distanciamento social. Dentre esses, 41% relatou uma redução de pelo menos 50%.
A prevalência de inatividade física encontrada no estado durante a pandemia foi 74,5%, onde 46,9% dos participantes que já eram inativos no período pré-pandemia, mantiveram esse comportamento ao longo das medidas de isolamento.
Dor lombar foi reportada por 74.2% dos participantes, sendo que 63,6% já tinham apresentado sintomas de dor lombar previamente à pandemia. Um aumento na intensidade da dor foi observado em 44,6% dos participantes. Ainda, foi registrada uma queda de 50% com relação à busca de tratamento para dor lombar. Pessoas que se tornaram ou se mantiveram inativas, apresentaram maior probabilidade de ter dor lombar durante a pandemia.
O relato de sintomas moderados a grave de ansiedade e depressão aumentaram 8.4 e 7.3 vezes desde o início do distanciamento social. Mulheres, pessoas com doenças crônicas, e participante que relataram redução dos rendimentos mensais durante a pandemia, apresentaram maior probabilidade de apresentar esses sintomas. Ainda, aqueles que começaram a praticar atividades físicas durante a pandemia, assim como aqueles que já praticavam, tiveram menor probabilidade de relatar sintomas moderados a grave de ansiedade e depressão durante o mesmo período.
Também foi observado que mais da metade dos participantes (56,9%) tinham o diagnóstico de alguma doença crônica, como depressão (18,5%) e hipertensão (14,3%). Dois em cada três participantes relataram que as medidas de distanciamento social estiveram associadas a manutenção ou melhora no controle de doenças crônicas.
O uso regular de medicamento foi relatado por 57,9% dos participantes, e 17,9% relataram que não conseguiram ou que o acesso à medicação foi mais difícil. O serviço de saúde presencial foi o mais usado (83,3%), e 42,2% relataram ter desistido de procurar atendimento médico presencial mesmo quando necessário. O medo de contrair o novo corona vírus foi o principal motivo relatado para não buscar atendimento médico presencial.
Os resultados expostos acima salientam a importância de monitorar a saúde física e mental, tal como o controle de doenças crônicas durante a pandemia de COVID-19 no Rio Grande do Sul. Dessa forma, torna-se importante informar os órgãos competentes para que estratégias para mitigar os efeitos da pandemia nesses desfechos sejam desenvolvidas.
Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade Física
Escola Superior de Educação Física - Universidade Federal de Pelotas
Fotos: pista de atletismo do Ginásio Municipal de Esportes de Canguçu
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