O Plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta quinta-feira, em votação simbólica, proposta que
extingue a pena de prisão como forma de punir faltas disciplinares cometidas
por policiais e bombeiros militares. A medida está prevista no Projeto de Lei
7645/14, dos deputados Subtenente Gonzaga (PDT-MG) e Jorginho Mello (PR-SC).
O texto aprovado, que segue
para o Senado, incluiu modificações adotadas pela Comissão de Segurança Pública
e Combate ao Crime Organizado. Uma delas também proíbe o uso de medidas
restritivas de liberdade, como a prisão preventiva ou temporária, para punir
militares envolvidos em faltas disciplinares. O texto original elimina apenas
as medidas privativas de liberdade, como reclusão e detenção.
Para o Subtenente Gonzaga, a
proposta é o maior tratado de cidadania para policiais e bombeiros do Brasil,
garantindo a eles direitos já assegurados pela Constituição brasileira a todos
os cidadãos, como acesso ao devido processo legal, à presunção da inocência e à
ampla defesa.
“É uma prisão humilhante,
uma realidade humilhante. Pode ser causada por um sapato mal engraxado, por uma
barba mal feita e até por uma farda mal passada”, disse o deputado.
O parlamentar acrescentou
que o texto foi discutido com os ministérios da Justiça, da Defesa, com
representantes dos comandos da polícia e com a secretaria nacional de direitos
humanos.
O deputado Alberto Fraga
(DEM-DF) comentou o constrangimento sofrido por militares presos por questões
disciplinares ao explicar a punição para familiares, como filhos, por exemplo.
“Você chega a casa e seu filho pergunta: papai você estava preso? Você é
bandido?” disse.
A proposta cria ainda, por
lei específica, o Conselho de Ética e Disciplina Militar para bombeiros e PMs e
prevê que os citados em processos disciplinares tenham direito ao contraditório
e à ampla defesa. De acordo com o texto, a medida não restringe a aplicação do
Código Penal Militar, no caso específico de crimes militares.
Também autor do projeto, o
deputado Jorginho Melo disse que não há mais espaço nos dias atuais para tirar
a liberdade de militares por conta de faltas disciplinares simples, como, por
exemplo, a chegada tardia ao trabalho. O deputado Cabo Sabino (PR-CE), que
viveu a experiência de ser preso, disse que o projeto corrige injustiças
cometidas a mais de 700 mil profissionais da segurança pública.
O texto aprovado muda o
Decreto-Lei 667/69, que trata da reorganização das Polícias Militares e dos
Corpos de Bombeiros Militares. A regra atual prevê que as PMs serão regidas por
documento semelhante ao regulamento disciplinar do Exército.
Fonte:Correio do Povo
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